terça-feira, 2 de outubro de 2007

Não é tudo a mesma coisa

Oras, por que não publicar aqui também?
Matéria pro 'Notícias do Jardim São Remo' - jornal laboratório do primeiro ano de jornalismo da ECA.
(Apesar de toda polêmica quanto a confecção do jornal desta comunidade por alunos do primeiro ano, não tratarei esta questão aqui, apenas coloco o artigo feito pra editoria de cultura, cujo tema é bem interessante!)

Não é tudo a mesma coisa: os diferentes ritmos do hip-hop

Break dance, hip-hop free style e os dançarinos K.Belo e Cybernétikos

Por BRUNA ESCALEIRA


“Foi de última hora, terminamos de montar a coreografia nos bastidores antes de ir pro ar!”, conta Sebastião Leandro Rodrigues, o b-boy K.Belo, sobre sua apresentação no programa da Adriane Galisteu (que foi ao ar em agosto). Muita gente se surpreendeu ao ver o morador da São Remo na TV, e não foi a primeira vez: em 2005, participou do programa Dance o Clipe da MTV especial B-Boys.

Mas seu maior objetivo não é aparecer nas telas. Dançando profissionalmente desde 2004, K.Belo concentra-se nas competições de break dance para mostrar seu trabalho. Só este ano, participou de mais de dez encontros em vários estados brasileiros. As competições não servem apenas para ganhar prêmios, são oportunidades de se “expandir e conhecer novos horizontes, ganhar é conseqüência”.

Mesmo sem patrocínio, Sebastião sempre dá um jeito de ir aos campeonatos, recebendo ajuda do irmão para pagar as inscrições e passagens, além de se hospedar nas casas de companheiros de “batalhas” (como são chamadas as competições).

Dança não é apenas técnica, mas história. O break é um dos estilos que integram a cultura hip-hop, ao lado de outras modalidades, como “popping”, “locking” e “house”. À partir do contato com veteranos da dança de rua, K.Belo conheceu cada uma delas e passou a misturá-las em suas coreografias. O grande trunfo de um b-boy é o “free-style” (estilo livre), é preciso ser criativo e saber improvisar. “Não me prendo a uma linha de dança, misturo passos de frevo, afro, samba e até salsa”, revela.

A diversidade de estilos está presente na comunidade. O NJSR entrevistou um grupo já conhecido dos salões locais que representa o “hip-hop free-style”, os Cybernétikos. Assim como K.Belo, os dançarinos vêm ganhando reconhecimento dentro e fora da São Remo através da participação em campeonatos. Everson Magnavita, um dos fundadores, foi contratado pela equipe do seriado e filme “Antônia” para fazer shows com o elenco.

“Desde a primeira vez que fomos a uma competição, tudo mudou! Adquirimos uma visão mais profissional, aprendemos a compor os elementos da coreografia com o palco, figurino”, diz Everson. Isso aconteceu em julho de 2006, quando ficaram em quarto lugar no “Dance Fest” de Campinas. O objetivo do grupo é viajar para competições em outras cidades, estados e quem sabe um dia, outros países.

Os campeonatos de que os Cybernétikos participam não são os mesmos freqüentados pelo b-boy K.Belo, pois dançam em categorias diferentes. “Já dançávamos há 8 anos quando fomos ao Dance Fest, e só então encontramos nosso estilo, que é o hip-hop free-style. Mas cada um chama de um jeito, alguns dançam como nós e dizem que fazem street dance”, contam. Para o grupo, a denominação mais adequada para sua dança é o hip-hop de estilo livre, e não o street dance, pois não dançam nas ruas, mas nos salões.

Uma das diferenças entre os b-boys e os grupos de hip-hop é o ritmo das músicas que coreografam: enquanto o break caracteriza-se pela batida “breakbeat”, os dançarinos de hip-hop usam músicas mais melódicas como o “R N’ B” (ritmo e blues) de artistas como os americanos do “B2K”. Contudo, partilham influências como os passos popularizados por Michael Jackson.

Todos os estilos de dança citados são ramificações formadas na história do hip-hop, mas a maneira como são chamados varia conforme a região. O grupo Cybernéticos, por exemplo, antes de se definir pelo hip-hop estilo livre, dançava uma modalidade conhecida como “lagartixa” nos bailes locais, mas que se parece com o “soul” dos Estados Unidos. Apesar do hip-hop ter chegado ao Brasil por influência norte-americana, seu desenvolvimento, desde a década de 1980, incorporou características nacionais e, graças ao estilo livre, cada dançarino pode trazer uma inovação.


Curiosidades:

O break surgiu como protesto à Guerra do Vietnã na década de 1960. Os primeiros b-boys/girls eram jovens porto-riquenhos que viviam no bairro no Bronx em Nova York. Eles representavam movimentos dos feridos na guerra e as armas utilizadas pelos norte-americanos – o passo em que o dançarino fica com a cabeça no chão e gira as pernas representa um helicóptero.

Mexendo as cadeiras. A expressão hip-hop vem do inglês: hip quer dizer quadril e hop, pular.


Um pouco mais sobre cada estilo:
(Umas coisas legais que achei por aí – usurpado de
http://www.pcg.com.br/eblack/02.htm)

Up Rocking – criado entre 1967 e 1969 pelos dançarinos Rubber Band e Apache (idealizadores da crew Dynasty Rockers), no bairro do Brooklyn (NY). Este estilo consistia na simulação de uma luta. Extinto no inicio dos anos 70, alguns de seus passos reaparecem junto as coreografias dos b. boys do bairro do Bronx (NY). Cabe lembrar que o dançarino de up rocking era denominado de rocker.

Locking – criado por Don Campbellock no final dos anos 60, em Los Angeles. Pode-se dizer que este estilo fora inventado acidentalmente pelo fato de Campbellock nunca ter conseguido interpretar corretamente os passos do funk chicken (estilo popularizado por James Brown em suas apresentações). É importante lembrar que o dançarino de locking é denominado de locker.

Popping – criado por Boogaloo Sam, natural de Fresno (Califórnia). Num sincronismo de braços e pernas o popping estiliza o pipocar (pipocas estalando) de movimentos. Boogaloo Sam também fora o criador do estilo boogaloo style em meados de 70 e o passo denominado de backslide, usurpado por Michael Jackson e popularizado com o nome de moonwalk. Vale ressaltar que o dançarino de popping é identificado pelo nome popper.

Breaking (B. Boying ou B. Girling ) – ao contrário do nome break dance, popularizado erroneamente pela mídia americana, este estilo não apresenta o nome original do seu criador. Contudo ele fora adotado e desenvolvido pelos garotos do bairro do Bronx (NY) entre 1975 e 1976 nas block parties (festas de rua) ao som dos rítimos latinos, soul, funk e jazz. O fato curioso sobre o nascimento deste estilo, é que ele fora desenvolvido pelos adolescentes da época, que por não conseguirem imitar corretamente seus irmãos mais velhos e seus pais, que dançavam embalados pelo soul, acidentalmente acabaram criando um estilo mais radical, incorporando inclusive na suacoreografia, movimentos que iam desde mímicas e acrobacias olímpicas, até a estilização de capoeira e catares de lutas marciais. O termo break foi adicionado a sua identificação, devido a predileção destes jovens pelo momento instrumental oferecido pelos discos (break beat), aonde faziam das pistas das festas o seu palco principal. Ficaram então conhecidos como break boys ou b. boys. Já termo atribuído às mulheres é b. girl. Dentre tantas gangues de breakin’ pode-se destacar a Rock Steady Crew com uma das mais populares em todo o mundo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Aprendi muito