domingo, 5 de junho de 2011

escorrer-se

vou gotejando lentamente, enquanto ando pelas ruas
caminho caminhos alheios misturados aos meus devaneios
chovo cada dia com uma intensidade particular
me molho em outras chuvas e vou molhando meus vizinhos
converso com garoas tranquilas e tempestades indomáveis
que vão colorindo o céu, cada chuvisco com sua cor
cada palavra é uma gota, todo gesto escorre vidro abaixo
formando um mosaico derretido de vidas entrelaçadas
aquarela borrada de retalhos coincidentes
refletem cores transcendentes na translucidez do destino que as une
ou do propósito que as motiva a colorir
vou chovendo, porque sem chuva não há vida
viver é escorrer no tempo e no espaço
levando pétala e pedra, deixando marcas de caminho
que logo serão levadas por outra enxurrada
da chuva que nunca seca

De volta!

Porque ande o quanto ande, mude o quanto mude, sempre tenho algo a declarar.;'

E pra comemorar a reinauguração deste blog, uma poesia tirada da gaveta:


Dispersa

Não tenho vontade de fazer nada

Aqui olhando fotos furadas

Pensamentos com asas


Mas já faz um ano desde o mês passado

Tem cem quilômetros até o vizinho

E mil acordes sobre as canções
 

Não me reconheço ontem

Não sei de mim amanhã

Não conheço os outros hoje

Sei que é passageiro
 

Saí do passado sem passagem de volta

Sigo em frente sem mapa

Não me localizo em coordenadas

Tenho direções aladas