quinta-feira, 4 de março de 2010

'"eu chovo

Na primeira vez em que chovi, não entendi bem o que aquilo significava. Um tal de charco e mudança de cores. Depois, com o sol, veio a limpeza. E não reconheci onde pisava. A enxurrada tinha levado as máscaras das coisas. Tudo nu, tudo cru, não parecia nem era mais o mesmo.

Acho que tinha me cansado de mais do mesmo, sempre o mesmo. Decidi que não queria o mesmo sempre, e foi tão natural que nem tive dilemas, nem percebi a chegada dessa decisão tão importante.

Foi assim que comecei a chover e, desde então, não parei mais. A cada chuva há um novo amanhecer, um novo despertar pra vida, que andava tão escondida debaixo da poeira do vento, do brilho sol e da escuridão da noite.

Às vezes, logo depois da toró, escorrego nas poças d’àgua. Elas são novidades disfarçadas, que vamos descobrindo ao longo do tempo. Mas nunca reclamo por me molhar, afinal, quem está na chuva...