quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Desvario-nos

Foi tudo louco
- demasiado
Cada gesto parecia desligado
um do outro
Foi sem sufoco,
porque era alado
Mas nem sempre fomos lado a lado
mais um no outro
disfarçado

Não me digam que foi pouco
era rouco
Um pecado?
- Apenas decidiu ser descolado
fugidio, não desolado
Menos que quase tudo
Mais que quase nada
Como rima furada
Tão bela musicada

Se era forma ou conteúdo?
- É freqüência
que não cai nem em cadência
De um luz-anoitecer
Ou um lua-ensolarar
É algo aqui e lá
Pro corpo atormentar
e o chão desatinar
até a cabeça

Como loucura de dois
sem um certo depois
Com um cada nuns sims
e sabendo seus nãos
Uma guerra de sãos
num quarto de vãos
Sem qualquer decisão
que se acabe com pois
Desavisado desvario achado

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

enchendO

nada é mais angustiante que garganta vazia
é a materialização de sentimentos abafados
como tremer de frio numa ilha de calor,
o rosto rosado e os pés inchados,
sem conseguir gritar por companhia

é um certo tipo de dor
daqueles gritos atrasados
daquelas tardes sem dia
de conceitos despedaçados
esvaziados de cor

tropeçam em cadeados
os que buscam poesia
em direção ao calor
descobrem valentia
e descolam os calados

longe da monotonia
corta-se o torpor
entre desagrados
e flechas de amor
onde o tédio, inútil, jazia