segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Blog de viagem!
Lá estão também os links para minhas fotos de viagem nos álbums do Picasa, link pro meu Twitter e tudo mais!
Alguns posts serão em português, outros em espanhol - afinal, acredito que as palavras ficam melhor na língua em que foram pensadas, elas se sentem mais à vontade. Mas se você não entender alguma coisa e quiser uma tradução, não hesite em pedir mandando um comentário ;P
¡Hasta pronto
Y has la victoria siempre!
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
ocO
quinta-feira, 29 de julho de 2010
piso.te.ando
___Porque de andar só o pé entende
_E pé prefere pisar espinho do que pisar em falso
Por isso quer mais é andar descalço
______E quer mesmo é andar bastante
- ainda que tropece a cada instante
__________Quem sabe mais de andar e de correr é só a rua
Que corre muitos pés, que correram muitas ruas e trilhas
_E anda vários pés de cada dia todo dia
__- porque cada pé muda a toda hora
E pisando nas ruas
__nada demora
__________pra andar todo este mundo afora
terça-feira, 13 de julho de 2010
O fabuloso dia do lançamento
*
I.
Não vejo a hora de lançar meu livro de poemas. Ah! A satisfação de ver um trabalho concluído, materializado na textura do papel minuciosamente escolhido. Ver meu nome, pequenininho, bem no final da coluna cultural da semana, espremido entre a mais nova exposição das bonecas Barbie e um Flash Mob em prol do aumento da crocância dos chocolates Bis – um dos mais importantes assuntos no momento, do Twitter para o Jornal Nacional. Quanto burburinho! Falem mal, mas falem de mim, EU, a mais nova AUTORA, já nas bancas, por apenas 9,99, em duas cores de capa! Ah! A estréia nos mais reduzidos salões da maior cidade da América do Sul, verdadeiro formigueiro de meio-intelectuais, meio-de-esquerda, acotovelando-se para me dar os parabéns em suas roupas especialmente rasgadas por grifes de brechós. Ah! A inveja daquele meu colega pedante que conseguiu a melhor bolsa de doutorado no exterior depois de algumas horinhas trancado na sala daquele professor decrépito. Os autógrafos! A glória! Os discursos do meu tio verborrágico na festa de final de ano deste ano, a foto três-por-quatro no mural da empresa, como funcionária do mês. A fama! Com a quina pontiaguda do meu livro, finalmente furarei uma brecha no impenetrável círculo de intelectuais que se reúnem na mais escondida sala dos porões da Universidade de São Paulo - a melhor da América Latina – todas as primeiras terças e segundas quintas-feiras de cada mês, às 14 horas e 37 minutos – exceto quando há lua nova –, para discutir os mais pertinentes impasses da neo-poesia macedônico-venusiana produzida pelos surdos da aldeia Waka-Waka. O status! O espetáculo! Os prêmios nos mais altos palanques internacionais! O dinheiro! As Ilhas Caimã! Os holofotes! O mundo!
E a morte da poesia.
II.
Veja bem, não é que o lançamento de uma compilação de poemas, em si, faça sublimar toda poesia despejada em seus versos. Afinal, sem a confecção e disseminação de livros, dificilmente, teríamos acesso à riquíssima variedade de olhares para o mundo das mais diferentes épocas e culturas.
A questão é que, frequentemente, a poesia se deforma para conseguir passar pelas grades da indústria cultural, pelas mãos do poeta ou pelas mãos invisíveis do chamado senso comum. O poeta se perde, torna-se uma marca, um ator no papel de autor. É claro que há exceções, mas está cada vez mais difícil passar ileso pelo filtro que transforma arte em mercadoria.
Será que ninguém mais para e se pergunta qual o objetivo da poesia? Na minha mera percepção, que não se baseia em estudos, teses ou críticas, o objetivo poético é qualquer coisa menos o material, menos o dinheiro, o status, porque é um desobjetivo.
Por mais idealista que isto seja, a essência da poesia não é algo capturável. É qualquer coisa, menos letras e sintaxe, apesar também ser isso tudo. Poesia é algo que simplesmente existe ou se forma, momentaneamente, dentro ou fora do alcance daquele que a traduz, ou a provoca, em palavras, traços, gestos e fica sendo chamado de poeta.
Um poema é a materialização de uma sensação, cena, circunstância, idéia, sentimento, contradição em uma substância não muito mais objetiva do que aquela que a provocou. É como um pó muito fino ou gás muito volátil embalado em um recipiente de vidro que, ao menor contato com o leitor, ouvinte, observador ou spect-ator (como diria o mestre Boal), se quebra e propaga seu conteúdo ao redor dele. E como cada leitor respira, observa e pensa de um jeito, cada um forma uma idéia ou sentimento a partir daquela substância. Um poema, afinal, nada mais é do que um propulsor, a ponta de uma pena que faz cócegas no canto da orelha, ao que cada um reage de uma maneira.
Concordem comigo ou não, é por isso que acredito que poetas só lançam livros porque, nesta sociedade, precisamos daquelas fichinhas chamadas dinheiro para sobreviver. Num mundo ideal, poesia seria lida no boca-a-boca, presenteada com laços de fita ou, simplesmente, lançada ao vento.
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domingo, 13 de junho de 2010
.escrevemos porque não somos gatos
Poderia ser índia e atravessar, todo dia, os desconhecidos desafios da selva. Ou então, andarilha, para descobrir os detalhes do submundo, aos quais têm acesso somente os encrencados ou desprovidos de oportunidades. Depois, seria rainha, para sanar as angústias do meu reino com o simples toque do meu cetro. Seria viajante, poeta, artista de circo, executiva. Se dispusesse de tantas vidas, em uma delas, seria até freira, para investigar o que há por baixo das batinas.
Mas cada um, neste mundo, dispõe de apenas uma vida, única, incrível e imensurável oportunidade de explorar e mudar este universo enorme – o qual, um único ser jamais será capaz de apreender sozinho.
E é por isso que escrevemos. Na impossibilidade de viver todos os papéis em uma única existência, burlamos as regras do destino e escolhemos o papel de escritor. Sob tal identidade, ganhamos o inigualável poder de performar os mais diferentes papéis, viver infinitas histórias e experimentar os mais contraditórios pontos de vista. Tudo isso sem perder a identidade e sem precisar buscar o mítico poder dos gatos de viver sete vezes.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
im a ~
a eminência da pele
esse calor sem piedade
é tentação descarada
ainda que se esconda
qualquer pedaço de pano
não serve de obstáculo
tal essência de vinho
ultrapassa a garrafa
envolve e arrebata
e é tudo velado
bem no meio da praça
onde o toque consome
dois seres distantes
segunda-feira, 17 de maio de 2010
- me vê eu mesma, pra viagem!
odeio não ter um livro comigo quando estou sozinha
pra me fazer companhia
ou um pedaço de papel qualquer
pra me ajudar a fazer companhia pra mim mesma
é claro que estou sempre comigo
- nem que quisesse (e como já quis!), poderia me separar de mim
estou comigo mesmo na falta de papel e caneta
mas de alguma forma meus escritos me aproximam de mim
há algo de místico nisso
e ao mesmo tempo é tão racional
as letras que me brotam me desconstroem pra depois me reconstruir
como o técnico eletrônico que aprende o funcionamento de um relógio ao desmontá-lo e montá-lo novamente
não sou um relógio
e mesmo assim busco entender o tempo
mas sou eu mesma
e nem sempre me entendo
- estranho é quem não busca se compreender
o papel me ajuda na hora
mas serve também de embrulho pra viagem
guarda meus pensamentos quentinhos pra poder desmontar mais tarde
montar de novo, ler, reler, lembrar, esquecer
saboreá-los!