segunda-feira, 17 de maio de 2010

- me vê eu mesma, pra viagem!

odeio não ter um livro comigo quando estou sozinha

pra me fazer companhia

ou um pedaço de papel qualquer

pra me ajudar a fazer companhia pra mim mesma


é claro que estou sempre comigo

- nem que quisesse (e como já quis!), poderia me separar de mim

estou comigo mesmo na falta de papel e caneta


mas de alguma forma meus escritos me aproximam de mim

há algo de místico nisso

e ao mesmo tempo é tão racional

as letras que me brotam me desconstroem pra depois me reconstruir

como o técnico eletrônico que aprende o funcionamento de um relógio ao desmontá-lo e montá-lo novamente


não sou um relógio

e mesmo assim busco entender o tempo

mas sou eu mesma

e nem sempre me entendo

- estranho é quem não busca se compreender


o papel me ajuda na hora

mas serve também de embrulho pra viagem

guarda meus pensamentos quentinhos pra poder desmontar mais tarde

montar de novo, ler, reler, lembrar, esquecer

saboreá-los!

Um comentário:

Gustavo Braga disse...

_ escrever é explorar a vida; a vida é a realização da metáfora que escrevemos no papel. e o papel? nossa pele.
por mais que tentemos fugir de nós mesmos, para alguns (belamente, assim como você) é ainda mais difícil fugir da própria pele.
não deixe sua pele em qualquer lugar, eu amo tocá-la, senti-la e lê-la.