quinta-feira, 26 de novembro de 2009

retalhos d'um alvorecer

sua pele de manhã é moldura pro meu dia
as calçadas molhadas que abraçam as ruas
não são mais nuas que nossa história crua
vezemquando vestida de nascer ou pôr-do-sol

eu vou
por entre entradas de bandeiras e de corações
atravessando becos tortos e finas canções
como um tango-descompasso de quem acertou

você vem
sem delongas nas milongas dessa meia-luz
driblando enxames de incertezas que não nos conduz
e chega em tempo sem ponteiro que só a gente tem

e a gente fica
muito junto, sempre perto até não enjoar
mesmo indo e vindo longe de qualquer lugar
porque sua pele à noite é textura pros meus sonhos

e é tão inexplicável que de verdade a gente brinca

Um comentário:

Gustavo Braga disse...

_ impotência. de pura impotência foi o estado em que me encontrei ao ler esses versos. versos que foram produzidos em meio a buzinas, motos alucinadas entrelaçando carros (como se esses só já não fossem o suficiente). são retalhos magníficos como que pedaços de 'errados' formando um certo tão mais certo do que haveria de se pensar. de retalhos em retalhos a vida se enche de graça.