segunda-feira, 9 de setembro de 2013

irreal idade

não li os clássicos mas acho foda! o tipo de coisa que não se faz mais - ninguém lê tanto, imagina escrever o problema é seu ritmo ultrapassado já que a calma virou tédio e o tédio tem pressa! 5 segundo pra carregar uma página dedos frenéticos na touchscreen e os olhos que desaprenderam a encarar - que que é? - nada… olhos nos olhos a sirene vibratória nos salva do contato estamos todos conectados a mesma linha do tempo linkamos, curtimos, compartilhamos a rede não nos poupa dos laços 57 amigos em comum Fulano está solteiro Maria foi pro Recife Ricky se sente feliz na fila da balada a fila pra entrar na fila da fila o último lançamento conecta à velocidade da luz e demora quilômetros de luzes vermelhas pra chegar estamos juntos mãos dadas na rua mãos brincando no quarto medindo cada dedo pelo outro horas a fio mas se o Facebook não diz será verdade? a realidade se tornou inverossímil luta pra sobreviver sufocada pela maquiagem um ajuste #aqui, um filtro ali bem mais real! adoro minha vida no altar virtual minha imagem no topo emoldurada igual a todas as outras até plano de fundo merece a moldura dos meus dias pele, brisa, barulhos mesclados, cheiros citadinos essa não se enxerga deve ser irreal como a calma dos velhos que já são batidas frenéticas no banco de espera - aguarde um instante, você já vai viver como jamais imaginou! e se não gostar, pode trocar em até 30 dias mas se não me encaixo em nenhum dos modelos pode ser que eu não exista pois é, meu amigo, você que me lê você não existe vamos desexistir juntos? renuncio à celebridade anônima aos meus dois cliques de fama por um abraço com gosto (mas, antes, preciso postar isso no Face!)

Um comentário:

Rubens disse...

Fantástico!