faço um chá com a água da chuva
e deixo que ela destile meus caroços
sonhos remoídos, dúvidas inacabadas
que se aglomeram no pescoço
e impedem o correr do ar
deixo que o vapor os dissipe
e que sua própria fumaça me acalante
misturada ao sabor da infância:
hortelã
uma xícara de chá é como colo de avó
tem qualquer coisa de refúgio e certeza
que combina perfeitamente com a instabilidade da chuva
e o mantra tranquilizante dos gotejos
lá fora, as gotas são tormenta e resfriado
aqui dentro, trégua e aconchego
dessa duplicidade vem seu dom de destilar problemas
substância pesada e grudenta
contra a chuva leve e escorregadia
chá vai chovendo
chuva vai fervendo
e os caroços amolecendo
derretem-se e misturam-se
escorrem pelas veias
e evaporam aos poros todos
suadouro refrescante de hortelã:
cuca fresca!
4 comentários:
lindo!
todo o poema é muito bonito,
friso esta parte:
"uma xícara de chá é como colo de avó
tem qualquer coisa de refúgio e certeza
que combina perfeitamente com a instabilidade da chuva
e o mantra tranquilizante dos gotejos"
parabéns pelo talento!
amei seu blog, seus poemas... to seguindooo!!!!!! xD
I think youve made some truly interesting points. Thanks for your insight for the great written piece. I am glad I have taken the time to read this.
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