terça-feira, 19 de julho de 2011

Beira

quando vou à praia
me sinto à beira do mundo
o mar fosse janela pro espaço
este mar capaz de pôr fim ao espaço dos homens,
seu mundo
é um outro mundo por si
 
gosto de estar à beira das coisas
lá se enxerga longe e perto
se avista entre
se entende coisas que não se entendem em outro lugar
só na beirada,
quase mergulhando no outro
 
já que não se pode sair do próprio corpo
criamos corpos cheios de beiradas
pontos de contato, eminência
de a minha beira desaguar na sua
como borderliner de loucura
as fronteiras se dissolvem, se dilatam
se suprimem, se comprimem
à beira de se refazerem,
novamente fortes

as beiradas não chegam a se desfazer
mas desfazem o mundo como o vemos
à beira, mudam-se pontos de vista
reconstroem-se conceitos
avistam-se novos horizontes
novas bordas universais,
quase pontos cardeais estendidos
 
quando estou à beira da cidade
me sinto grande
posso observar muitas beiradas à distância
passear entre elas
provar vários mirantes a cada perímetro
 
ao mergulhar na metrópole
as beiras entre as coisas se estreitam
me sinto pequena de comprimida
de não conseguir enxergar todas as bordas que me cercam
minha mente se perde juntando e separando fronteiras
que acabo por perder minhas próprias beiradas
e fragmentar minha identidade
à beira d’um arranha-céu interminável,
quase sem borda

nem toda beira é essencial
mas é bom que existam beiradas
não fosse assim, todas as cores se misturariam
e não existiria cor alguma
o mundo não teria nuances
nem emoções
não seria, sequer, vazio
seria apenas massa inerte,
sem desejo

mas à beira do mar
ouvem-se as vozes do oceano
e costuma-se desejar muitas coisas
como saber o que há pr’além dele
ou abandonar a beira num mergulho
com ou sem volta.

Um comentário:

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