segunda-feira, 6 de abril de 2009

mensagem na garrafa

Agora que percebi que sou navegante, descobri a razão dessa mania de escrever mensagens pra que sejam encontradas, longe, por algum caiçara.
Talvez todo jornalista – de alma – tenha um pouco disso, uma certa distância que o faz analisar as coisas, ao mesmo tempo em que permite a ele se envolver com o mundo bem de perto.
Dizer que jornalista é um ser apaixonado é pleonasmo. Ao menos, na minha visão do que é jornalismo, na qual o trabalho está intimamente atrelado à “missão” de luta por objetivos. É certo que nem sempre ocorre assim – tão aí as capas dos jornais, revistas, sites pra comprovar -, mas isso não tira a razão de acreditar e buscar viver um ideal.
Quando esse tal de “ideal” – de luta, não de situação - parece virar cotidiano – cotidiano, aliás, nada comum -, a paixão pela profissão não tem mais onde se esconder.
Fazer jornalismo é estar diante do mundo, como num trampolim sobre uma piscina, e mergulhar aos poucos, suave ou bruscamente, de cinco ou cinqüenta metros de altura (na maior parte das vezes, de cem metros). É se espantar com cada sutileza ou “óbvio surpreendente”, na superfície ou lá no fundo, buscando aprendizado. É, ao escrever uma simples nota de 1/8 de página ou uma matéria de 10 folhas, ter a sensação de que se está passando muito menos do que se aprendeu ao apurá-la. E, ainda assim, crer que aquele pouco que se conseguiu passar adiante possa se transformar, ou ser transformado, em realizações, em mudanças.
(e toda essa paixão que já não me deixa viver em paz é a paz que alimenta minha ânsia de viver)

2 comentários:

Gustavo Braga disse...

esse carinha que vive dentro de você é um verdadeiro romântico - chega a ser excessivamente apaixonante.

_"quando estamos fazendo algo onde não sentimos a necessidade de remuneração, estamos fazendo algo onde sentimos paixão"

Alice Agnelli disse...

Nossa, Bru!

Como você consegue tirar palavras da minha cabeça?

Acho que no fundo no fundo essa sua descrição é exatamente aquilo que puxa para perto pessoas tão únicas: esse mesmo sentimento - seja ele ânsia, inquietação, curiosidade, ou definindo em uma palavra que abrenge tudo, se você me permitir, jornalismo.

Enfim, o que tá escrito aí - eu acho - é o que há de comum em todos nós e é bem aquilo que há nos apaixonados.

Ai, eu me sinto tão bem em saber que não sou a única apaixonada perdida por aí...

;)