terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Hoje, um milênio

Olá, meu bem,
Que bom te encontrar!
Eu vim de trem,
Não sabia em qual estação parar
Desci aqui por acaso,
Porque sabia que te encontraria
- pelo menos, era o que eu queria
Não ria, o que vim falar é sério:
É que nesta semana, passou-se um milênio
E nem tive tempo de te avisar!
Se me achar diferente, pode estranhar
Teremos tempo pra nos adaptar
Dois dias, três séculos
A gente descobre...
E se não nos descobrirmos juntos,
Há várias linhas de trem
Cada um escolhe um vagão e vão
As lembranças juntas no bagageiro
Que resiste até às curvas de não
Porque no destino é certeiro
Então, pode ser que se passem séculos
Pelos primeiros ou por longínquos trilhos
Da minha ou da sua estrada
Pode ser até que descarrilemos mundo afora
Mas aquelas lembranças continuarão ali
Mais ou menos visíveis, camufladas ou iluminadas
É que o destino, vendo meu desatino,
Propôs-se a levar nossas lembranças, mesmo clandestino
Foi este o acordo que você assinou semana passada
Só passei pra te avisar
Porque nesta semana, passou-se um milênio
E eu não passei por aqui
Agora, tenho que ir
Minha estação fica no sentido contrário
Lá tem gente a me esperar
Quem sabe, vou até me encontrar, por acaso
Junto ao abraço, deixo-lhe um pedido:
Lembre-se do nosso bem
Não somos de ninguém,
Mas quem boas lembranças tem,
Quer sempre bem ao bem.