sexta-feira, 25 de maio de 2007

Do nada a lugar nenhum


(Ok, talvez este não seja o melhor texto para inaugurar o blog, mas ele foi um dos motivos de sua criação, já que não conseguia postá-lo em meu flog. Além do mais, nessa ânsia de declarar, que começem as delcarações logo ;)


Do nada a lugar nenhum

Desculpe, exaltei-me. Novidade, discussão, hostilidade, desgaste físico e mental, incertezas. Tudo junto levou-me a exaltação exacerbada. Não que a exaltação deva ser condenada, desculpo-me por ter externado minha irritação clamando idéias das quais, agora, não tenho tanta certeza. Penso por um lado, por outro e outros. Passo por diversos ângulos, mas acabo chegando a lugar nenhum. Nem ao menos ao lugar de onde parti, pois ali havia alguma segurança, mas a um descampado sereno de tão tempestuoso.

Estamos em greve. Legitima. Oras, em uma assembléia à qual compareceram 80 dos 400 estudantes de jornalismo da ECA, 50 votaram a favor dela (números ‘calculados’ no chute, só pra ter uma base, não levem ao pé da letra). Sim, a assembléia foi legítima, afinal, era aberta a todos os estudantes da categoria. Mas representativa? Creio que os quase “20%” presentes não merecem a autoridade de representantes gerais.

Mas por que os outros não vêm representar-se então? Horário pouco viável, cansaço da hostilidade dos “de sempre” ou alienação?

Outro problema são os interesses infiltrados nas manifestações estudantis, bem como o foco do movimento. Tenho medo de me envolver, depois não concordar com o resultado e pensar que contribui para algo que vai contra meus princípios. Além de haver controvérsias sobre a estratégia de luta (os meios importam sim!). Contudo, não quero apenas ficar “em cima do muro” e não participar de algo que me afeta também.

A verdade é que tenho receio de me envolver nesse movimento simplesmente por não ter base de conhecimento político para analisar, fielmente, os decretos e suas interpretações. Aliás, creio que esse é um problema das leis em geral – permitem diversas interpretações. A negociação é eterna.
Mas e a “democracia” ? Até quando impedir os que não concordam com a vontade da “maioria” (da assembléia) de ter aulas é democrático e não imposição? O que me incomoda, de fato, não é a decisão da assembléia, mas o modo como foi decidida. Pareceu mais uma tentativa de convencimento do que de diálogo. Afinal, até onde a democracia funciona sem ser impositiva? Impor a vontade da maioria continua sendo imposição. Creio que não acredito em democracia, mas em “autocracia”.
Cada um por si? Quem, em sã consciência, diria que a sociedade funcionaria melhor assim? Utopia. Utopia de que se todos tivessem valores de consciência social convictos, cada um poderia decidir sua própria posição e ninguém precisaria impor nada aos próximos. Cada um agiria de acordo com suas idéias, mas não feriria os direitos dos outros, pois uma solidariedade onisciente estaria impregnada entre os homens (ooh, Hume deve ter pulado agora! Calma Hume, não disse que constatei isso, foi só uma utopia*). Cada indivíduo seria autônomo, não subjugado à vontade da maioria ou de uma minoria, mas sua posição não prejudicaria o grupo.
Ponho em dúvida a sanidade da minha consciência. Mas, finalmente, consegui chegar a alguma mínima conclusão depois de tanta divagação (será que alguém tem paciência de ler essas viagens além de mim?): nenhum sistema de governo é perfeito, afinal, as relações entre as pessoas não são regulares e as pessoas não são perfeitas. Portanto, nos resta tentar nos adaptar e adaptar o sistema conforme as necessidades da sociedade. A sanidade que me resta diz que isto é algo complicado. Mas a humanidade sobrevive, há milênios, movida a conflitos.
Não tenho resposta para o atual conflito estudantil, mas a imposição de idéias dos grevistas ou dos não grevistas, certamente, não é uma delas. Afinal, de que adianta impedir quem é contra a greve de assistir aula se eles só se sentirão violentados e não entrarão na greve ativamente? Seria apenas pura paralisação. E de ‘paradas’ já chegam as verbas que não conseguem ser utilizadas na universidade.

*Odeio ler textos que fazem referência a vários autores e só me fazem sentir burra, mas sabia que alguém iria pensar de onde raios eu tirei isso.. o.O

Agora tenho que ir deliberar,
O meu ego, meu id e meu superego ainda não entraram num acordo!

Bruneca'*

5 comentários:

sapato disse...

Mto bom Bruneca!

Cristiane Sinatura disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cristiane Sinatura disse...

Ó, quer saber?

Esqueçamos da greve e vamos pro Juca!

Da minha parte, chega de falso engajamento!

Iuhuuu!

Tatiane Ribeiro disse...

Bruu...

Vc sabe a minha posição, logo, sem mta devagação política.
Só vou falar obre autocracia x democracia: autocracia não deixa de ser uma imposição, afinal, vc imporá ao mundo aquilo q vc acha certo, msm q seja apenas os seus atos. Sem maniqueísmo, não vou flr aqui q aqueles q aprovam a greve são o mocinhos, e qm não a apoio, Oh, q malvados são. Nada disso.
Só acho q a democracia é, num mundo onde TUDO é imposição, a única maneira de fugirmos exatamente do que acontece hj na USP: da falta de compromisso com a universidade. Não por aqueles que são CONTRA a greve, mas por aqueles que não querem nem saber o que é... já estão logo ali pra fazer questão de não ouvir o que os outros tem a dizer, aí, daqui a alguns anos, talvez sejam esses as novas Mayras... Ou não?

Anônimo disse...

Sim, provavelmente por isso e