Declaração do Sr. W:
Um dia aprendi a ler e a escrever, à altura do pré-primário. Depois saí da escola sem sair e nunca mais usei tais competências. Até que um dia me presentearam com um livro. Não havia sentido algum em dar um livro a alguém como eu, e confesso que foi o tédio numa tarde de sol que me fez abri-lo. Foi um ingresso sem volta.
Poderia descrever-lhes, especificamente, o nome do autor, da obra, da editora, coleção, detalhes da história, relato, teor das reflexões, peso do objeto, textura da capa, cheiro do papel. Mas tal atenção suscitaria associações de que qualquer um desses fatores teria sido o responsável por minha perdição no mundo das letras pensadas. Não o foi. O ingresso foi sem volta, não num livro específico, mas nessa mania, vício, síndrome que me é escrever.
Acontece que depois de devorar aquela quantidade limitada de páginas antes do entardecer, nunca mais consegui ler um livro inteiro. Nem romance, nem relato, jornal, revista, panfleto, a nada disso alcanço o final – salvo em condições extremamente adversas.
Tantas vezes o interesse me transborda a mente por tal assunto ou história, mas é só começar a ler sua primeira frase que me possui um ímpeto de escrever maior que as necessidades de alimentação e sono para um ser humano; não posso reler, sequer, o que escrevi. Minhas mãos revezam-se, a direita e a esquerda, preenchendo cadernos, folhas, telas de computador, guardanapos, paredes, lençóis, vidros, ladrilhos, asfalto, pele. Tudo para que as deambulações mais, ou menos, absurdas não sublimem aos cuidados da mente superestimulada dos dias de hoje.
Foi assim que lancei uma infinidade de orações, ordenadas ou desordenadas, nos mais diversos formatos – folhetos, cartazes, livros, revistas, poemas, reflexões, palavras simplesmente juntas -, obtendo um pouco de lucro, insuficiente tanto para sanar minhas necessidades humanas como para cessar essas ânsias de escritura. Fiz dessa minha profissão, não apenas por prazer, mas por falta de escolha, já que não sou capaz de terminar qualquer atividade sem interrompê-la por instantes imprevisíveis à caneta ou ao teclado.
Por não ler as coisas até o final nem revisar meus escritos, acabei por confundir informações importantes de assuntos ou pessoas sobre os quais, inconscientemente, resolvi referir-me posteriormente, inferindo em erros cujas conseqüências ficaram a cargo da famosa Justiça – sobre a qual li em alguns fragmentos. Foi assim que me vi obrigado, aos quarenta e dois anos, a ler o segundo texto completo da minha vida.
A determinação foi do advogado, que acontece de ser meu primo e não abriu mão de me fazer um cidadão consciente, ao ler o processo que me foi imputado. Não sem cansaço.
Para concluir a leitura, era preciso colocar-me numa situação em que seria completamente impossibilitado de escrever. Foi então que me lembrei de um episódio, quando tinha cerca de dezenove anos, em que quebrei os dois braços ao jogar uma pelada com os amigos – no intervalo de uma escreveção e outra. No hospital, imobilizado, fui presenteado com uma carta de minha namorada na época, à qual li in-tei-ri-nha, não sem tentar livrar-me do gesso. Depois pedi para a enfermeira chamá-la antes que saísse do hospital, “que era caso de vida ou morte”, e consegui responder-lhe oralmente! Convencidos de que aquela proeza só podia ser obra de um amor inabalável, decidimos nos casar anos depois. Depois, inclusive, descobrimos que amor e inabalável não ficam lá tão bem na mesma frase, mas isso já é outra história.
Bem, pois então pensamos em engessar meus dois braços, e colocar-me numa sala vazia, sem janelas. E o fizemos. Acontece que havia um telefone com viva-voz numa mesinha próxima à cadeira onde me encontrava. Lá pelo terceiro parágrafo do processo, consegui apertar o botão do viva-voz e o que ligava para a recepção com o pé – já que estava no prédio do escritório onde meu primo trabalha – e pedi para a secretária que tomasse nota do que eu fosse dizendo. Resultado: não consegui terminar de ler o processo e quase fui processado novamente, pela supervisora do escritório, que considerou anti-ética a atitude de citar um caso judicial em plena portaria de um edifício movimentado, sede de um renomado escritório de advocacia que primava pelo sigilo absoluto de seus clientes, “o que as pessoas que passavam por ali iriam pensar?, que chacoteamos suas ações pelo auto-falante?”.
Aí resolvemos ser mais drásticos: cheguei a luxar minhas duas mãos – com a ajuda de minhas filhas a jogar vôlei com uma bola dura demais -, colocar uma camisa de força e algemas, sentado no chão no meio de um galpão vazio apenas com o processo a minha frente, sem água ou comida. Depois de uma tarde de delírios, consegui finalizar a leitura – do meu terceiro, não segundo texto. Em seguida, meu primo me soltou para que assinasse meu recurso de defesa. Ele se encarregou do processo e fui inocentado devido à minha condição de “sanidade precária”, sob a prerrogativa de realizar tratamento psiquiátrico por, pelo menos, três meses.
É por isso que aqui estou. Escrevo no divã, porque hoje o psiquiatra resolveu que era hora de analisarmos meus textos. Instantaneamente, instalou-se em mim aquele ímpeto avassalador de escrever. O profissional, cheio de sua teoria de “observação sem interferência”, encorajou-me a seguir em frente com o que me sentisse à vontade em fazer. Depois de três horas, ele se cansou e foi atender outro cliente na sala ao lado.
Há alguns minutos, outro homem vestido de branco bateu aqui na porta e perguntou meu nome. Depois da resposta, saiu. Achei que havia se enganado, mas agora ele se prepara para entrar novamente. Desconfio que farão algo para separa-me deste papel. Sim! Com certeza o farão! Oh não! Ele segura uma camisa de força! Mas quem é para dizer o que é sanidade ou loucura? Por que razão deveríamos aceitar que amarrar um semelhante é uma atitude mais aceitável do que sucumbir aos disparates inerentes à vida em sociedade? É certo, vão me tirar a caneta! Acho que ainda consigo escrever uma última declaração. Se não terminar a próxima frase, é porq
sexta-feira, 22 de maio de 2009
terça-feira, 12 de maio de 2009
segunda-feira, 11 de maio de 2009
aFlorescente
cuidado, cuidado!
se não gosta de canto
se prefere comando
olhe por todo lado!
nós somos os infiltrados.
a cor que destoa
botão que desabotoa
o peso que voa
a explosão do latente
nós somos os infectados.
duma ação contente
riso despreocupado
duma força crescente
aquilo que incomoda.
tal felicidade sem preço
amor sem motivo
liberdade de pudor
nós somos contagiosos.
duma inquieta busca
descrente de brutalidade
e totalmente sincera
capaz de viver o que é belo.
tal pingo de chuva apressado
ou raio de sol desencontrado
nós somos o sorriso sem dentes.
cremos numa alegria inerente.
e nem adianta se esconder:
nós estamos por toda parte.
se não gosta de canto
se prefere comando
olhe por todo lado!
nós somos os infiltrados.
a cor que destoa
botão que desabotoa
o peso que voa
a explosão do latente
nós somos os infectados.
duma ação contente
riso despreocupado
duma força crescente
aquilo que incomoda.
tal felicidade sem preço
amor sem motivo
liberdade de pudor
nós somos contagiosos.
duma inquieta busca
descrente de brutalidade
e totalmente sincera
capaz de viver o que é belo.
tal pingo de chuva apressado
ou raio de sol desencontrado
nós somos o sorriso sem dentes.
cremos numa alegria inerente.
e nem adianta se esconder:
nós estamos por toda parte.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
descascaradme como mandarina
si cada ansia a habitarme fuera un gajo
sentía como si les hiciera herramientas
anulándose en interminables quehaceres
que ya casi ni me sabían, se me habían olvidado
de mi cuerpo hice recuerdo, yo misma
mi piel nada sentía, fuerte frente al esfuerzo
o por falta de distracciones dignas?
hasta que un día se me enrollaran los gajos
fuera viento u tempestad? nada, huracán!
intenso como mis batallas, lleve como un pájaro
suavemente, atingió la memoria de mi pulpa
y arrebató mis ansias de un solo golpe!
mi cáscara, ahora, puede volar
y luego rehacerse completa
claro que es disparate hablar de amor y trabajo en el mismo poema
aún más juntarlos a otros ideales dispersos en los días
pero hay algo que los une, unos a otros y a mi:
la intensidad que nos deshace y luego nos torna plenos
así, entiendame cuando pido: descaradme como mandarina!
y tu lo haces antes de oírlo, pues sabes que al desmontarse
uno encuentra a si mismo y a todas sus pasiones
sentía como si les hiciera herramientas
anulándose en interminables quehaceres
que ya casi ni me sabían, se me habían olvidado
de mi cuerpo hice recuerdo, yo misma
mi piel nada sentía, fuerte frente al esfuerzo
o por falta de distracciones dignas?
hasta que un día se me enrollaran los gajos
fuera viento u tempestad? nada, huracán!
intenso como mis batallas, lleve como un pájaro
suavemente, atingió la memoria de mi pulpa
y arrebató mis ansias de un solo golpe!
mi cáscara, ahora, puede volar
y luego rehacerse completa
claro que es disparate hablar de amor y trabajo en el mismo poema
aún más juntarlos a otros ideales dispersos en los días
pero hay algo que los une, unos a otros y a mi:
la intensidad que nos deshace y luego nos torna plenos
así, entiendame cuando pido: descaradme como mandarina!
y tu lo haces antes de oírlo, pues sabes que al desmontarse
uno encuentra a si mismo y a todas sus pasiones
quarta-feira, 15 de abril de 2009
para ser Amigo, preencha a ficha.
Hoje, voltando pra casa, tive que frear antes da hora, porque um carro estacionava à frente duma casa pouco antes da minha. Chovia bastante, mas pude ver que era o carro do namorado da minha amiga que mora ali, e que ela também estava dentro. Por um segundo, hesitei cogitando se parava e dava um oi ou passava reto, pra deixá-la à sós com o bofe, e ligava depois que chegasse em casa – ou quem sabe mandasse um sms, ou um scrap no orkut depois, ou deixasse pra comentar outro dia quando nos vermos pessoalmente. Logo larguei mão e abri a janela do carro ao lado deles, mas só o fato de ter parado pra pensar me soou estranho.
Ela é uma das minhas melhores amigas, que conheço há anos, desde moleca – e como éramos molecas aos onze anos! Mas ultimamente não temos nos falado tanto. Não ocorreu nada de errado, nada de brigas, distanciamentos, apenas algo da vida que ocupa cada um em seu rumo e, às vezes, desvia uns dos outros. Algo que pode e, provavelmente, será revertido em algum momento próximo, porque é o que acontece na maioria das vezes e dos casos de amizades próximas. Esses vai-vens da vida.
Bem, à janela aberta, ela disse antes que a chuva respingasse mais dentro dos carros:
- Oi amiga! Como cê tá? Acabou de chegar da facul?
- Oií! Tudo bem sim, e aí? Pois é, acabei, e você?
- Também, agorinha!
- Pois é, e acredita que nem conseguimos fechar o jornal que era pra segunda ainda?
- Sério? Que coisa! Mas você ta fazendo só isso agora, né? Já saiu do trabalho?
- Que nada, to trabalhando, mas esta sexta é o último dia!
- Ah, que bom, aí vai ficar mais tranqüila, né?
- É, espero.. hehe.. E você?
- Ih, amanhã tenho prova, to ferrada!
- Ah, e o feriado?
- Vou viajar pros jogos da faculdade!
- Ah, jura? Olha, Fulano, você conseguiu um feito, ela nunca vai pra esse tipo de viagem! – ao que o rapaz sisudo respondeu com um sorrisinho amarelo, apesar de parecer que estava indo mais com minha cara do que no começo da conversa. Podia xingá-lo de antipático, mas acho que na hora era sono mesmo.
- Pois é, menina, decidi! Hehe E você?
- Vou pra praia..
- Com o “namo”?
- É, e mais uns amigos..
- Que delícia.. Bom, mas tenho que ir terminar o trabalho..
- Eu também, preciso dormir! Tchau, querida, vamos nos falando!
- Vamos sim, boa noite!
Fecham-se os vidros e o papo fica pra trás. Durante uns dois minutos, falamos sobre nossas vidas, tentando resumir “como elas vão”.
Falamos sobre isso mesmo? Vidas são muito complexas, a conversa iria continuar depois? Quando? Neste caso, é bem provável que realmente continue, mas me intrigou pensar que foi uma conversa como outra de conhecidos quaisquer. Quanta gente não nos conta seu “status” imediato casualmente, quase como se preenche um formulário? Quantas pessoas não “conhecemos” a partir de uma “síntese” de sua vida?
"Nome: Fulano de Tal. Profissão: Jardineiro. Estado Civil: Solteiro. Hobby: Jogar Pelada no Domingo. Feriados: Sem Planos de Viagens Próximas. Ocupado no Momento: Sim, com os Estudos. (silêncio) Tudo em letra legível? Já pode entregar e ir embora?"
Qual o significado por trás de cada informação dessas? Quanto elas nos dizem sobre alguém? Afinal, quantas das fichas guardadas em nossas gavetas realmente conhecemos?
Ela é uma das minhas melhores amigas, que conheço há anos, desde moleca – e como éramos molecas aos onze anos! Mas ultimamente não temos nos falado tanto. Não ocorreu nada de errado, nada de brigas, distanciamentos, apenas algo da vida que ocupa cada um em seu rumo e, às vezes, desvia uns dos outros. Algo que pode e, provavelmente, será revertido em algum momento próximo, porque é o que acontece na maioria das vezes e dos casos de amizades próximas. Esses vai-vens da vida.
Bem, à janela aberta, ela disse antes que a chuva respingasse mais dentro dos carros:
- Oi amiga! Como cê tá? Acabou de chegar da facul?
- Oií! Tudo bem sim, e aí? Pois é, acabei, e você?
- Também, agorinha!
- Pois é, e acredita que nem conseguimos fechar o jornal que era pra segunda ainda?
- Sério? Que coisa! Mas você ta fazendo só isso agora, né? Já saiu do trabalho?
- Que nada, to trabalhando, mas esta sexta é o último dia!
- Ah, que bom, aí vai ficar mais tranqüila, né?
- É, espero.. hehe.. E você?
- Ih, amanhã tenho prova, to ferrada!
- Ah, e o feriado?
- Vou viajar pros jogos da faculdade!
- Ah, jura? Olha, Fulano, você conseguiu um feito, ela nunca vai pra esse tipo de viagem! – ao que o rapaz sisudo respondeu com um sorrisinho amarelo, apesar de parecer que estava indo mais com minha cara do que no começo da conversa. Podia xingá-lo de antipático, mas acho que na hora era sono mesmo.
- Pois é, menina, decidi! Hehe E você?
- Vou pra praia..
- Com o “namo”?
- É, e mais uns amigos..
- Que delícia.. Bom, mas tenho que ir terminar o trabalho..
- Eu também, preciso dormir! Tchau, querida, vamos nos falando!
- Vamos sim, boa noite!
Fecham-se os vidros e o papo fica pra trás. Durante uns dois minutos, falamos sobre nossas vidas, tentando resumir “como elas vão”.
Falamos sobre isso mesmo? Vidas são muito complexas, a conversa iria continuar depois? Quando? Neste caso, é bem provável que realmente continue, mas me intrigou pensar que foi uma conversa como outra de conhecidos quaisquer. Quanta gente não nos conta seu “status” imediato casualmente, quase como se preenche um formulário? Quantas pessoas não “conhecemos” a partir de uma “síntese” de sua vida?
"Nome: Fulano de Tal. Profissão: Jardineiro. Estado Civil: Solteiro. Hobby: Jogar Pelada no Domingo. Feriados: Sem Planos de Viagens Próximas. Ocupado no Momento: Sim, com os Estudos. (silêncio) Tudo em letra legível? Já pode entregar e ir embora?"
Qual o significado por trás de cada informação dessas? Quanto elas nos dizem sobre alguém? Afinal, quantas das fichas guardadas em nossas gavetas realmente conhecemos?
terça-feira, 14 de abril de 2009
Conselho
Um dia me perguntaram por que eu não comprava um caderno de escrever – “pra dar vazão à criatividade”. Que ajudava a visualizar rimas, fazer poema brotar. Respondi que poesia não acontece em caderno nem em rima. Caderno até serve de berço, mas não de parteiro, porque poesia só nasce de parto normal.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
mensagem na garrafa
Agora que percebi que sou navegante, descobri a razão dessa mania de escrever mensagens pra que sejam encontradas, longe, por algum caiçara.
Talvez todo jornalista – de alma – tenha um pouco disso, uma certa distância que o faz analisar as coisas, ao mesmo tempo em que permite a ele se envolver com o mundo bem de perto.
Dizer que jornalista é um ser apaixonado é pleonasmo. Ao menos, na minha visão do que é jornalismo, na qual o trabalho está intimamente atrelado à “missão” de luta por objetivos. É certo que nem sempre ocorre assim – tão aí as capas dos jornais, revistas, sites pra comprovar -, mas isso não tira a razão de acreditar e buscar viver um ideal.
Quando esse tal de “ideal” – de luta, não de situação - parece virar cotidiano – cotidiano, aliás, nada comum -, a paixão pela profissão não tem mais onde se esconder.
Fazer jornalismo é estar diante do mundo, como num trampolim sobre uma piscina, e mergulhar aos poucos, suave ou bruscamente, de cinco ou cinqüenta metros de altura (na maior parte das vezes, de cem metros). É se espantar com cada sutileza ou “óbvio surpreendente”, na superfície ou lá no fundo, buscando aprendizado. É, ao escrever uma simples nota de 1/8 de página ou uma matéria de 10 folhas, ter a sensação de que se está passando muito menos do que se aprendeu ao apurá-la. E, ainda assim, crer que aquele pouco que se conseguiu passar adiante possa se transformar, ou ser transformado, em realizações, em mudanças.
(e toda essa paixão que já não me deixa viver em paz é a paz que alimenta minha ânsia de viver)
Talvez todo jornalista – de alma – tenha um pouco disso, uma certa distância que o faz analisar as coisas, ao mesmo tempo em que permite a ele se envolver com o mundo bem de perto.
Dizer que jornalista é um ser apaixonado é pleonasmo. Ao menos, na minha visão do que é jornalismo, na qual o trabalho está intimamente atrelado à “missão” de luta por objetivos. É certo que nem sempre ocorre assim – tão aí as capas dos jornais, revistas, sites pra comprovar -, mas isso não tira a razão de acreditar e buscar viver um ideal.
Quando esse tal de “ideal” – de luta, não de situação - parece virar cotidiano – cotidiano, aliás, nada comum -, a paixão pela profissão não tem mais onde se esconder.
Fazer jornalismo é estar diante do mundo, como num trampolim sobre uma piscina, e mergulhar aos poucos, suave ou bruscamente, de cinco ou cinqüenta metros de altura (na maior parte das vezes, de cem metros). É se espantar com cada sutileza ou “óbvio surpreendente”, na superfície ou lá no fundo, buscando aprendizado. É, ao escrever uma simples nota de 1/8 de página ou uma matéria de 10 folhas, ter a sensação de que se está passando muito menos do que se aprendeu ao apurá-la. E, ainda assim, crer que aquele pouco que se conseguiu passar adiante possa se transformar, ou ser transformado, em realizações, em mudanças.
(e toda essa paixão que já não me deixa viver em paz é a paz que alimenta minha ânsia de viver)
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