odeio não ter um livro comigo quando estou sozinha
pra me fazer companhia
ou um pedaço de papel qualquer
pra me ajudar a fazer companhia pra mim mesma
é claro que estou sempre comigo
- nem que quisesse (e como já quis!), poderia me separar de mim
estou comigo mesmo na falta de papel e caneta
mas de alguma forma meus escritos me aproximam de mim
há algo de místico nisso
e ao mesmo tempo é tão racional
as letras que me brotam me desconstroem pra depois me reconstruir
como o técnico eletrônico que aprende o funcionamento de um relógio ao desmontá-lo e montá-lo novamente
não sou um relógio
e mesmo assim busco entender o tempo
mas sou eu mesma
e nem sempre me entendo
- estranho é quem não busca se compreender
o papel me ajuda na hora
mas serve também de embrulho pra viagem
guarda meus pensamentos quentinhos pra poder desmontar mais tarde
montar de novo, ler, reler, lembrar, esquecer
saboreá-los!
Um comentário:
_ escrever é explorar a vida; a vida é a realização da metáfora que escrevemos no papel. e o papel? nossa pele.
por mais que tentemos fugir de nós mesmos, para alguns (belamente, assim como você) é ainda mais difícil fugir da própria pele.
não deixe sua pele em qualquer lugar, eu amo tocá-la, senti-la e lê-la.
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