mergulho novamente nas brisas do Guadalquivir
em cujas margens nunca pisei
tenho saudades das cidades que desconheço
como o homem que observa a chuva
desde os princípios da humanidade
em busca de algo que a transcende
mas nunca consegue agarrá-lo
no máximo, avista-o, ao longe
e quando isso acontece, a poucos detetives destreinados
é como se mergulhassem num rio revelador
que esconde a nitidez de suas águas
e emergissem, em seguida, com algo fora de lugar
e um impulso próprio a seres como os escritores
então passam a propagar suas descobertas
escondidas em aliterações e relatos
que costumam passar despercebidos
mas, curiosamente, estimulam certos leitores
e mesmo sem passar-lhes significados exatos
instigam-nos a suas próprias buscas
de cidades desconhecidas e torrentes chuvosas
ou qualquer mistério que não necessite revelação
apenas precise ser propagado
aos quatro ventos
como sementes
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