sua pele de manhã é moldura pro meu dia
as calçadas molhadas que abraçam as ruas
não são mais nuas que nossa história crua
vezemquando vestida de nascer ou pôr-do-sol
eu vou
por entre entradas de bandeiras e de corações
atravessando becos tortos e finas canções
como um tango-descompasso de quem acertou
você vem
sem delongas nas milongas dessa meia-luz
driblando enxames de incertezas que não nos conduz
e chega em tempo sem ponteiro que só a gente tem
e a gente fica
muito junto, sempre perto até não enjoar
mesmo indo e vindo longe de qualquer lugar
porque sua pele à noite é textura pros meus sonhos
e é tão inexplicável que de verdade a gente brinca
Um comentário:
_ impotência. de pura impotência foi o estado em que me encontrei ao ler esses versos. versos que foram produzidos em meio a buzinas, motos alucinadas entrelaçando carros (como se esses só já não fossem o suficiente). são retalhos magníficos como que pedaços de 'errados' formando um certo tão mais certo do que haveria de se pensar. de retalhos em retalhos a vida se enche de graça.
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