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de repente, tenho minhas noites de volta. tempos vadios de furacões particulares. é como se me tornasse mais “eu” novamente. a madrugada é muito do que sou: filosofias de luar, crises existencializadas, solidão-companhia, mistério, meia-luz, focos de brilho, chocolate e vinho, passeios pelos pensamentos e letras, tempo sem hora, sonhos sem horizonte, ventos de reviravolta.
tão minha, que me parece estranha. será que algo mudou? a cor do céu, a energia das estrelas? algo me deixa tonta, confusa de tanta informação. então, já resolvi, quem mudou fui eu. será que a madrugada ainda é minha como antigamente? se é, ainda é da mesma forma?
chega de “mesma(o)”, quero furacão. desses ventos que costumam me assolar com certa freqüência. diria até que saio em busca deles, mas geralmente são os próprios que me arrebatam no caminho.
andei percebendo que mudo tanto, que não tenho medo de reviravoltas bruscas – mas preciso saber pra onde estou indo. na verdade, esse onde pode até mudar, pode ser onde-quer-que-seja, só preciso saber que me movo. para me posicionar. como se isso me desse base na desordem.
no caos que somos, que cada um é, preciso saber apenas se estou sendo o que sou, ou o que era, ou o que acho que eu mesma quereria ser – antes de alguns eus passarem a não ser mais eus e assim sucessivamente. tudo em busca duma sinceridade tão pura que nem sei se existe. mas assim como o ar que não vejo, não deixo de respirar.
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Vvvvvvvum!
busco um furacão que me enrosque
pé na mão, sonho no dia, tato nos ouvidos
um tornado que nos viaje
achemos tesouros, povos, batuques
ciclone que nos renove
tal cachoeira, orvalho da manhã
fujo da calmaria
eterno domingo de sol à pino
derretendo
precisa
mos
m
___o
_v
__-i
-m
__e
n
_t
o
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