caminho caminhos alheios misturados aos meus devaneios
chovo cada dia com uma intensidade particular
me molho em outras chuvas e vou molhando meus vizinhos
converso com garoas tranquilas e tempestades indomáveis
que vão colorindo o céu, cada chuvisco com sua cor
cada palavra é uma gota, todo gesto escorre vidro abaixo
formando um mosaico derretido de vidas entrelaçadas
aquarela borrada de retalhos coincidentes
refletem cores transcendentes na translucidez do destino que as une
ou do propósito que as motiva a colorir
vou chovendo, porque sem chuva não há vida
viver é escorrer no tempo e no espaço
levando pétala e pedra, deixando marcas de caminho
que logo serão levadas por outra enxurrada
da chuva que nunca seca